A Prática Baseada em Evidências (PBE) é um paradigma de tomada de decisão clínica que ocorre por meio da integração da melhor evidência científica disponível com a perícia clínica no contexto das características e preferências do paciente. Em poucas palavras, a PBE visa personalizar a aplicação do conhecimento científico no contexto clínico.

Por várias razões:

Efetividade dos tratamentos: Assegura que as intervenções utilizadas pelos profissionais sejam eficazes e embasadas em resultados cientificamente comprovados.

Tomada de decisão informada: Fornece um quadro para a tomada de decisões clínicas informadas, garantindo que as escolhas de tratamento sejam baseadas na melhor evidência disponível.

 Autonomia do paciente: Considera as preferências, os valores e as circunstâncias individuais de cada indivíduo, promovendo a sua autonomia no processo de tratamento.

Padronização e qualidade de cuidados: Ajuda a garantir um alto padrão e qualidade dos cuidados em psicologia, pois as intervenções são escolhidas com base na sua eficácia comprovada em pesquisas rigorosas.

Ética: Baseia-se nos princípios de autonomia, não-maleficência e beneficência. Isso significa que a Prática Baseada em Evidências respeita o direito do paciente de tomar decisões informadas sobre o tratamento, de acordo com seus valores pessoais, e tem como objetivo último trazer benefícios ao paciente, por meio da utilização do conhecimento científico atualizado. Além disso, segue a regra fundamental de evitar danos ao paciente, recorrendo apenas a intervenções que se mostraram seguras.

Sim, é plenamente possível para todo psicólogo atuar com a Prática Baseada em Evidências (PBE). Foi com essa convicção que criei o Clube de Excelência em Psicologia Baseada em Evidências, uma plataforma online voltada para o ensino desse paradigma de maneira estruturada e progressiva. O Clube oferece uma trajetória de aprendizado que abrange desde os fundamentos básicos até os níveis mais avançados, passando por conceitos essenciais da psicologia científica, ferramentas de avaliação e tratamentos empiricamente sustentados, tornando a PBE acessível tanto para estudantes de psicologia quanto para profissionais já atuantes na área. No entanto, é importante destacar que um grande número de estudantes e profissionais da Psicologia ainda desconhecem o que é a PBE. Isso é um obstáculo, já que, sem o conhecimento adequado, esses indivíduos não conseguem oferecer o que há de melhor para seus pacientes. Além disso, há também uma parcela da comunidade que se opõe veementemente a esse paradigma. Esses profissionais normalmente acreditam que a “ciência tradicional” seria insuficiente para captar a complexidade e a profundidade da subjetividade humana. Este ponto de vista limita a expansão da PBE, que tem o potencial de melhorar a eficácia e a segurança do tratamento psicológico.

O aprendizado da Prática Baseada em Evidências (PBE) durante a graduação é crucial devido aos múltiplos benefícios que proporciona para a prática profissional futura. Assimilar e empregar os preceitos da PBE antecipadamente assegura que os futuros psicólogos ofereçam intervenções que se mostraram eficazes e seguras. Ademais, a proficiência em PBE permite que os acadêmicos acompanhem os avanços da área. Além disso, a ética profissional é igualmente fortalecida, uma vez que o uso de intervenções embasadas em evidências evita a adoção de abordagens infundadas ou pseudocientíficas.

A atualização constante é essencial para os psicólogos já formados, uma vez que proporciona o aprimoramento da competência profissional, conduta ética, conquista de credibilidade, conexão com pesquisas e impulsionamento do desenvolvimento pessoal. Isso possibilita tais profissionais a oferecerem tratamentos eficazes, fundamentados em evidências e ajustados às demandas dos pacientes. A renovação contínua do conhecimento é um pilar fundamental para uma prática clínica de excelência.

Evidências científicas podem ter maior ou menor grau de confiabilidade, que é determinado por diversos fatores. Entre eles estão os riscos de viés das diferentes pesquisas, a validade e confiabilidade das medidas escolhidas para avaliar o paciente, a precisão da descrição dos procedimentos, como as condições experimental e controle foram arranjadas para permitir comparações entre elas, o método de análise dos dados, a consistência dos resultados entre diferentes pesquisas, a magnitude de benefício encontrado, etc. Assim, é possível elaborar uma hierarquia de níveis de evidência, cuja força e relevância das mesmas variam de fraca a forte. Os níveis mais fracos de evidência acerca da eficácia de uma intervenção são aqueles oriundos de experiência clínica ou da opinião de especialistas, enquanto evidências mais fortes provêm de revisões sistemáticas de pesquisas clínicas.

As terapias comportamentais, cognitivo-comportamentais e contextuais são as abordagens terapêuticas frequentemente usadas dentro do paradigma da prática baseada em evidências em psicologia. Alguns exemplos incluem a terapia cognitivo-comportamental (TCC), a terapia comportamental dialética (DBT) e a terapia de aceitação e compromisso (ACT). No entanto, a área está em constante evolução e novas intervenções eficazes podem ser descobertas à medida que mais pesquisas são realizadas.

Não, a Prática Baseada em Evidências (PBE) não se restringe apenas à psicoterapia. Ela é um modelo de que deve orientar todas as áreas de atuação profissional dos psicólogos. Além da clínica, ela é extremamente relevante em campos como a psicologia organizacional e do trabalho, a psicologia escolar e educacional, a psicologia social, a neuropsicologia, entre outros.